Número
16
Je suis Charlie
JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP,
EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP.
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net
Resumo: Neste texto que intitulamos Je suis Charlie a partir da frase que correu mundo, agrupamos quatro comentários de Jacques-Alain Miller nos quais ele faz uma análise sobre o atentado terrorista que atingiu o jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015 em Paris. Abordando "O retorno da blasfêmia", "A ilusão lírica", "O amor pela polícia" e "O segredo de Charlie", Jacques-Alain Miller, com sua conhecida vivacidade crítica, sustenta uma leitura psicanalítica dos acontecimentos políticos. Valendo-se de Lacan, que previu a escalada da segregação e o triunfo da religião, ele aponta ao sagrado que mobiliza êxtases e furores ao ponto de se matar ou morrer por ele; compara o lugar e o valor dado à polícia pela população durante os movimentos estudantis de 1968 e após o recente atentado; e no último comentário, numa análise bastante requintada, discute o desejo de Charlie levantando três teses e acentuando um paradoxo. A tese heroica: eram combatentes da liberdade de expressão; a tese ignóbil: visavam fazer dinheiro; e por fim, a tese clínica: estariam em uma posição suicida e melancólica. Para Jacques-Alain Miller, a terceira tese merece consideração, mas empalidece diante da primeira, uma vez que o heroísmo de um melancólico, assim como o de um psicótico, de um perverso ou de um neurótico, continua a ser um heroísmo. Enquanto o órgão satírico se torna objeto das mesmas ameaças que Charlie, ele se compromete com seus colegas a "rir de tudo", exceto da "liberdade de poder fazê-lo", sustentado assim a ética de um desejo decidido.
Palavras-chave: Religião; ideal; amor; desejo; cinismo; heroísmo.
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