Nova série
ano V
Dezembro 2014
ISSN 2177-2673

Número
15

Editorial

 

Os textos deste número de Opção Lacaniana online permitem algumas conversas bem interessantes.

Começamos com o texto “A criança entre a mulher e a mãe” considerado entre nós como um clássico do autor sobre questão tão delicada. Nele, Jacques-Alain Miller esclarece como é essencial que o objeto criança não seja tudo para o sujeito materno, pois é na condição de não-todo que a criança divide, no sujeito feminino, a mãe e a mulher. Conversando com ele, Marie-Hélène Brousse apresenta a questão do objeto pelo lado da criança. Em “Corpos lacanianos”, ela comenta o clássico de Lacan sobre o Estádio do espelho para pensar a relação que o sujeito cria com o corpo, na atualidade, enlaçando a imagem do corpo ao corpo fragmentado.

Dessa conversa deslizamos para outra que trata da psicopatologia, lida a partir de Lacan. Como distinguir a estrutura dos processos subjetivos que recusam a descrição fácil e avulsa dos manuais de diagnóstico cientificista atuais? Dois textos: “O corpo e suas parcerias (a)sexuadas” e “Bipolar, maníaco e depressivo” nos ensinam sobre o assunto e discutem as categorias atuais dos transtornos. Ainda nessa mesma conversa incluímos um artigo a respeito de tratamentos psicoterapêuticos que, por não levarem em conta as questões do sujeito/objeto nas parcerias, fracassam nos dispositivos que visam o tratamento de mulheres que passam por situações de violência.

Uma terceira conversa aborda o campo dos circuitos pulsionais e o real silencioso que os habita através da literatura. Mario Elkin Ramírez fala disso no anúncio de seu livro sobre “Despertar da adolescência. Freud e Lacan leitores de Wedekind”. Dois outros artigos vão nessa direção ao enfocarem a “despalavra” em Samuel Beckett e o impossível de ser dito na poética e nos testemunhos.

Diante dessa solidão com a qual o real confronta o sujeito, dois textos conversam sobre o amor: solução precária, destinada ao fracasso, nem por isso menos relevante.

Deixando ao leitor um lugar na conversa, desejamos uma boa passagem da primavera ao verão.


Heloisa Caldas