Número
11
Jacques Lacan e a voz
JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP,
EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP.
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net
Resumo: J.-A. Miller retraça neste artigo as vias trilhadas
no ensino de Lacan que permitiram dar à voz seu estatuto de
objeto a. Na tradição psicanalítica, um tratamento
privilegiado foi dado aos objetos oral e anal inscritos nos
estágios de desenvolvimento. Com isso dois objetos, o vocal
e o escópico, não foram destacados. Jacques-Alain Miller
demonstra que a leitura estrutural permitiu a Lacan
resolver o problema da relação entre estes objetos, menos
atrelados às necessidades das demandas, e o sujeito do
desejo. Lacan destacou assim estes dois novos objetos: o
olhar e a voz, generalizando o estatuto do objeto a e
desatrelando-o da perspectiva desenvolvimentista. O objeto
a é definido então como uma consistência lógica, que se
encarna numa parte que cai do corpo, sob a forma de dejeto.
O autor acentua que foi a experiência clínica com a psicose
que permitiu a Lacan formular esses objetos a partir do
olhar do Outro que se impõe ao sujeito, patente no delírio
de observação, e da voz fora-do-sentido, presente no
automatismo mental. Retomando o famoso comentário de Lacan
sobre a alucinação da injúria “Porca” atribuída, por uma
paciente de Sainte-Anne, ao vizinho, na qual a voz aparece
como a parte da cadeia significante que não pode ser
assumida pelo sujeito (seu mais-de gozar), conclui,
afirmando: “se falamos tanto é justamente para que não
apareça a ameaça daquilo que não se pode dizer”.
Palavras-chave: objeto a; voz; olhar; consistência lógica.
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