Nova série
ano IV
Julho 2013
ISSN 2177-2673

Número
11

Jacques Lacan e a voz

JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP, EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP.
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net


Resumo: J.-A. Miller retraça neste artigo as vias trilhadas no ensino de Lacan que permitiram dar à voz seu estatuto de objeto a. Na tradição psicanalítica, um tratamento privilegiado foi dado aos objetos oral e anal inscritos nos estágios de desenvolvimento. Com isso dois objetos, o vocal e o escópico, não foram destacados. Jacques-Alain Miller demonstra que a leitura estrutural permitiu a Lacan resolver o problema da relação entre estes objetos, menos atrelados às necessidades das demandas, e o sujeito do desejo. Lacan destacou assim estes dois novos objetos: o olhar e a voz, generalizando o estatuto do objeto a e desatrelando-o da perspectiva desenvolvimentista. O objeto a é definido então como uma consistência lógica, que se encarna numa parte que cai do corpo, sob a forma de dejeto. O autor acentua que foi a experiência clínica com a psicose que permitiu a Lacan formular esses objetos a partir do olhar do Outro que se impõe ao sujeito, patente no delírio de observação, e da voz fora-do-sentido, presente no automatismo mental. Retomando o famoso comentário de Lacan sobre a alucinação da injúria “Porca” atribuída, por uma paciente de Sainte-Anne, ao vizinho, na qual a voz aparece como a parte da cadeia significante que não pode ser assumida pelo sujeito (seu mais-de gozar), conclui, afirmando: “se falamos tanto é justamente para que não apareça a ameaça daquilo que não se pode dizer”.

Palavras-chave: objeto a; voz; olhar; consistência lógica.


 

Textos em PDF

 

>>Jacques Lacan e a voz