Número
8
Editorial
O que é a escrita? Para que ela serve? Qual sua importância na experiência analítica? O que resta dela ao final de uma análise? Quais suas relações com o inanalisável e o semblante, na parceria, se a relação sexual não se escreve?
Dois textos abrem o número 8 de Opção Lacaniana online nova série e abordam de maneira exemplar essas questões.
No primeiro, “O escrito na fala”, Jacques-Alain Miller trabalha, a partir da frase de Lacan “O escrito não é para ler”, a defasagem entre escutar e dizer, entre escrever e ler que organiza o lugar da interpretação analítica visando tocar, através de lalíngua, o inconsciente real. Trata-se de atacar a disjunção radical entre o simbólico e o real que o anima, valendo-se do equívoco cuja ressonância atinge, através da letra, o real do gozo.
No segundo, “O passe e os restos de identificação”, Éric Laurent demonstra como o percurso de uma análise parte da cadeia associativa inconsciente para terminar com os S1 do sujeito, isolados em sua dimensão real.
Na sequência, outros artigos discutem questões cruciais da psicanálise, em especial, o real do feminino. Temos assim: “o fracasso do sentido” correlato à impossibilidade de se escrever a relação sexual; como podemos de Freud a Lacan dar “um passo de saber sobre as mulheres”; como a lógica do nãotodo impede que se possa agrupá-las, pois “há um(a) só”.
Ainda em torno do que pode fazer laço e o que resta autista, discute-se como jovens lutam, “entre fugas e errâncias”, para encontrar “um lugar para si”; como pode ser o “amor atravessado pela pulsão de morte”; “por que há sonhos dos quais não nos esquecemos”; que problema se encontra no “percurso de nomes, objetos, angustia e satisfação”.
Para concluir, um texto fecha este número falando sobre “dois momentos de supervisão”, em um percurso de formação.
A partir da indicação de Lacan, desejamos que cada um coloque o melhor de si na leitura.
Heloisa Caldas
Sumário