Número
14
Editorial
Este número de Opção Lacaniana online traz uma apresentação do Seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação feita por Jacques-Alain Miller, na qual ele extrai um elemento fundamental que por muitos anos passou desapercebido e que adquire um novo sentido ao ser lido retroativamente: pela primeira vez aparece no ensino de Lacan a junção entre fantasia e pulsão, algo que hoje vemos articulado no uso do termo sinthoma.
Paola Salinas e Flavia Bonfim abordam o fenômeno psicossomático: a primeira considerando o modo como um corpo goza e destacando um ponto comum com o sintoma como acontecimento de corpo; a segunda destacando o modo particular como o sujeito apresenta uma resposta às experiências traumáticas.
Dois outros autores abordam a questão do corpo: Paula Pimenta explora a questão do acontecimento de corpo no autismo a partir dos fenômenos de borda, que instituem um limite que localiza o gozo e o afasta do corpo; Marcia Zucchi faz uma reflexão sobre o estatuto do corpo no real, substância gozante que conjuga corpo e língua, e a particularidade com que o corpo aparece nos sintomas atuais.
Dois textos se aproximam ao abordar a questão da posição feminina e do amor: Lídia Pessoa investiga a especificidade da relação de Florbela Espanca com sua poesia e Jussara S. da Rosa busca em testemunhos de passe aspectos marcantes sobre a questão do amor no final da análise.
Por fim, três textos abordam a questão da loucura sob pontos de partida muito diferentes. Em uma divertida paródia futurista de inspiração machadiana sobre uma hipotética edição nº 100 do DSM, Gilson Iannini e Antonio Teixeira evidenciam o furor classificatório e o caráter autofágico de um programa de psiquiatrização da vida cotidiana promovida por esses manuais estatísticos. Samyra Assad discute as desmesuras da reprodução assistida que propicia a fabricação de uma criança utilizando-se do corpo de um pai em detrimento de sua palavra e as aberrações a que esse discurso pode conduzir. Encerrando esta edição, Christiano de Lima se debruça sobre o questionamento que Lacan faz no Seminário 23 acerca da posição do sujeito James Joyce em relação ao seu dito: a vida é o que se trama na obra.
Teresinha N. Meirelles do Prado
Sumário